Shopping humanizado, por que um sofá no corredor pode salvar um shopping center
Você já se sentiu exausto após uma hora caminhando por um shopping center? Procurou desesperadamente por um lugar para sentar, aliviar os pés e recuperar o fôlego, apenas para encontrar bancos duros, sem encosto, ou, na maioria das vezes, nada? Se você já sentiu isso, você foi vítima de uma filosofia de design ultrapassada: a do corredor infinito.
CIDADES PARA PESSOAS
9/2/20253 min read


Por trás de muitos projetos comerciais, existe a crença de que um cliente parado não está comprando. A solução, então, seria criar longos corredores sem pontos de pausa, forçando um movimento contínuo. Mas essa estratégia ignora um fator fundamental: o ser humano.
Um cliente exausto não continua comprando. Ele vai embora. E o que é ainda mais crítico: essa filosofia de design hostil ativamente exclui um público valioso e com alto poder de consumo. Pense nos idosos, que adoram passear e comprar, mas precisam de pausas frequentes. Pense em alguém de muletas ou usando um andador, para quem cada passo é um esforço. Para essas pessoas, a ausência de um simples sofá não é um inconveniente; é uma barreira que as impede de sequer frequentar o local.
A realidade é que o cansaço físico e mental, seja ele causado pela idade, por uma fragilidade física ou simplesmente por um longo dia, leva ao abandono da experiência e à diminuição drástica do tempo de permanência.
O contraste americano: A descoberta das "salas de estar" em shoppings
Em uma viagens aos Estados Unidos, me deparei com uma realidade completamente diferente em seus enormes shoppings. Nos cruzamentos de corredores, em vez de espaços vazios ou mais um quiosque, encontrei verdadeiras salas de estar. Sofás confortáveis, poltronas, tapetes e até mesinhas de centro. E não era um oásis isolado; eram vários, espalhados por todo o complexo.
Ali, as pessoas não eram apenas "consumidores em movimento". Eram convidados. Elas podiam sentar, tomar um café, recarregar o celular e, mais importante, recuperar a energia para continuar a jornada de compras com bom humor e disposição. A lição era clara: eles entenderam que para o cliente "degustar" o passeio, ele precisa de pausas de qualidade.
Medo do espaço "perdido"
A primeira objeção de qualquer gestor comercial a essa ideia é compreensível: "Eu não posso colocar um sofá aí. Esse metro quadrado vale uma fortuna em aluguel de quiosque". É aqui que precisamos mudar a métrica.
O Valor do "Metro Quadrado de Bem-Estar": Um cliente que descansa por 15 minutos em um sofá confortável tem a energia renovada para visitar mais três ou quatro lojas. Um cliente que não encontra onde sentar, após a exaustão, tem um único destino: o estacionamento. O espaço que gera bem-estar não é um custo; é um investimento que aumenta o tempo de permanência, a principal métrica de sucesso de um shopping.
A Sinergia com o Quiosque Estratégico: A ideia não é eliminar os quiosques, mas torná-los mais inteligentes. Posicione um quiosque de café, sorvete ou sucos ao lado de uma área de descanso confortável. Você cria o cenário perfeito: o cliente senta para descansar e o consumo por impulso acontece naturalmente. O sofá não compete com o quiosque; ele cria a clientela para ele.
Design centrado no humano: O investimento (ROI) do acolhimento
Investir em arquitetura centrada no ser humano é investir diretamente na receita. Um cliente que se sente acolhido e confortável:
Permanece mais tempo no local;
Gasta mais dinheiro (o "dwell time" tem correlação direta com o aumento do ticket médio);
Cria uma conexão emocional positiva com a marca do shopping, tornando-se um cliente fiel;
Compartilha sua experiência positiva, gerando marketing boca a boca
Como seria o shopping ideal? Elementos de uma gentileza comercial
Transformar um espaço hostil em um ambiente acolhedor não exige uma reforma faraônica. Começa com elementos estratégicos:
Zonas de Descanso: Crie "ilhas" com mobiliário verdadeiramente confortável, como sofás e poltronas com braços e encosto.
Conectividade: Integre pontos de recarga para celulares e Wi-Fi gratuito nessas áreas.
Iluminação Aconchegante: Use uma iluminação mais quente e indireta nesses pontos para sinalizar que ali é um local de pausa.
Biofilia: Adicione plantas. A simples presença de vegetação reduz o estresse e melhora a percepção do ambiente.
Vende mais quem acolhe melhor
A era do varejo que trata o cliente como um número em uma planilha está com os dias contados. A concorrência com o e-commerce não será vencida pela variedade de lojas, mas pela qualidade da experiência.
O shopping do futuro não será apenas um lugar para comprar, mas um destino para se estar. E isso começa com a decisão de trocar um corredor frio e infinito por um sofá quente e convidativo. A mensagem é clara: humanidade e lucratividade não são opostos; são parceiros inseparáveis.
Você é lojista ou gestor e quer saber como aplicar esses conceitos no seu espaço? Vamos conversar sobre como a arquitetura pode impulsionar seus resultados.
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